Objetivos da turma

Todos estão matriculados no curso e frequentam as aulas porém cada um tem sua expectativa sobre o futuro. Nós do Primazia saimos pelo campus querendo saber quais são as metas, objetivos e aspirações dos estudantes de jornalismo do primeiro semestre. No final temos dois de nossos mestres falando quais eram as expectativas quando estudantes e como estão atualmente.


Retrospecto


Ainda tratando sobre o Jornalismo de Idéias, ou Jornalismo Idealista, a jornalista Andréia Moura mostra em seu texto para o site Canal da Imprensa, como o profissional da informação e, até mesmo a profissão em si, se transformou ao longo do tempo.

“O jornalismo há muito tem dificuldade em exercer seu verdadeiro papel. Está sempre falhando em servir ao povo da maneira que promete fazer. Mas isso é fácil de explicar. Uma questão básica de vocação. O jornalismo perdeu, quase que totalmente, o idealismo que o transformava em arma. Está cheio de profissionais incapazes de enxergar pela óptica límpida da justiça, da verdade. Onde está o muro de separação entre o jornalismo esperado pela sociedade e o praticado em benefício de poucos? Esse limite tênue se encontra na palavra “comprometimento”.
Jornalista sem idealismo se cansa de receber paulada. Cansa de receber tapa na cara. Cansa de tanta censura. É por isso que capitula perante o sistema e se vende a quem não paga bem. Jornalista sem idealismo não compreende as implicações da palavra compromisso e transforma a profissão criada para servir, em podridão, que serve a si mesma. Foi-se a época em que um jornalista morria por uma causa, ou melhor, que doava a vida para preservar o direito do povo à informação.
Jornalismo verdadeiro tem sede de justiça, tem faro de cão, gosta mesmo é de enfrentar uma boa briga em nome daquilo que representa a liberdade. Para concluir, nada melhor do que citar a frase de Fernando Jorge no livro “Cale a Boca Jornalista”: “Não sacrificarás teu dever ao poder.” Nosso dever é lutar por mais comprometimento na profissão. Compromisso que trará, conseqüentemente, a tão sonhada liberdade. “Morre um liberal, mas não morre a liberdade.” – João Batista Libero Badaró.”

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Hipólito da Costa (1774 – 1823): um dos primeiros e mais instigantes pensadores da nacionalidade. Primeiro jornalista e primeiro crítico da imprensa, defendia a liberdade de expressão do pensamento.
O texto abaixo, escrito por Hipólito, é o primeiro parágrafo do que foi chamado de “Introdução”, “Profissão de Fé” ou ainda “Juramento de Hipólito”. É o primeiro texto jornalístico a circular em um periódico escrito em língua portuguesa – o “Correio Brasiliense”.


“O primeiro dever do homem em sociedade é de ser útil aos membros dela. E cada um deve – segundo suas forças físicas ou morais – administrar em benefício da mesma os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte ou a educação lhe prestou. O indivíduo que abrange o bem geral de uma sociedade vem a ser o membro mais distinto dela: as luzes que espalha tiram das trevas, ou da ilusão, aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, inépcia e do engano. Ninguém mais útil, pois, do que aquele que se destina a mostrar com evidência os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro. Tal tem sido o trabalho dos redatores das folhas públicas quando estes, munidos de uma crítica sã e de uma censura adequada, representam os fatos do momento, as reflexões sobre o passado e as soldidas [sic. sólidas] conjecturas sobre o futuro.”

Texto de Hipólito da Costa, datado de 1º de junho de 1808.
Fonte: Observatório da Imprensa (publicado em 3/6/2008).
Link:
http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/216.html



Hipólito foi o autor do primeiro jornal independente do poder oficial: o “Correio Brasiliense”, criado no dia 1º de junho de 1808. O periódico era produzido em Londres e tinha circulação mensal no território brasileiro.
Apresentou, ao longo de seus 29 volumes, um retrospecto dos fatos ocorridos nos países estrangeiros, sobretudo na Europa, comentários sobre organização política, relações internacionais, economia, finanças, agricultura, comércio, literatura, ciências e artes, além de noticiar os acontecimentos políticos em Portugal, no Brasil e em toda a América.


“Resolvi lançar esta publicação na capital inglesa dada a dificuldade de publicar obras periódicas no Brasil, já pela censura prévia, já pelos perigos a que os redatores se exporiam, falando livremente das ações dos homens poderosos”, explicou Hipólito.

O idealista faleceu em Londres, em 11 de setembro de 1823, perseguido pela Igreja, por fazer parte de uma entidade de maçonaria.



Cipriano Barata (1762 – 1838): definido como uma das figuras mais corajosas e combativas do jornalismo brasileiro. Ativista da Conjuração Baiana e da República, em 1817 e, a seguir, deputado constituinte, em 1823. No mesmo ano, estreou como jornalista na “Gazeta Pernambucana”, onde publicou o jornal “Sentinela da Liberdade”. Defendia a Independência com mudanças radicais e era contra a escravatura.

O jornal “Sentinela da Liberdade” era publicado às quartas-feiras, com linguagem crítica, mostrando as deslealdades do poder.
Preso várias vezes por contrariar e denunciar as injustiças do governo, Barata continuava escrevendo e publicando suas edições clandestinamente. À medida que era transferido de uma prisão à outra, ele fazia adaptações no título do periódico, que passava a chamar-se “Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco”, “Sentinela da Liberdade na Guarda do Quartel General”, “Sentinela da Liberdade na Guarita de Villegaignon”, entre outros diferentes títulos.
O último “Sentinela” de Barata foi escrito e publicado em 1835, durou 13 anos. Três anos depois, em 1838, após tantas perseguições, morre Cipriano Barata, aos 75 anos.


Essas duas personalidades exemplificam claramente o texto de Andréia Moura, que nos faz refletir sobre o posicionamento do jornalista atual em relação aos antigos idealistas da profissão.
Em um artigo do jornalista Evaldo Vicente, publicado no jornal “A Tribuna”, de 13 de junho de 2008, essa questão também é tratada com grande ênfase:
“Os jornalistas de hoje traduzem os ideais de Hipólito da Costa, quando não fazem o jogo dos poderosos, do interesse de grupos e, especialmente, quando colocam o interesse coletivo acima do individual. Profissionais que usam os veículos como escada para alçar vôos mais altos e, talvez, menos nobres; ou profissionais que entendem a empresa jornalística somente como lucro – como se fosse uma indústria qualquer – também estão longe dos ideais de Hipólito da Costa, que, de 1º de junho de 1808 a 1823, em 29 volumes, sintetizou o que pode, deveria ou deve ser o jornalismo não só no Brasil, mas em todo mundo...”

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