Essa é uma situação embaraçosa, mas acredito que muitos profissionais já passaram por ela.
Há algum tempo atrás, o jornalista era visto como um ser revolucionário, movido pelo Jornalismo Idealista, que mantinha dentro de si apenas uma vontade maior: a vontade de mudar o mundo! Era a chamada síndrome de Clark Kent, ou seja, o jornalista assumia o papel de super-herói, capaz de salvar a tudo e a todos com sua voz, suas idéias, coragem e blábláblá... Sem contar o seu amigo mais inseparável, tão inseparável que, até hoje, ainda é o mais fiel companheiro: o bloco de anotações, claro! Item essencial ao bom jornalista. Definitivamente, não pode faltar o famoso bloquinho, amigo de todos os dias.
Hoje, embora ainda existam profissionais desse tipo, o jornalista, em si, mudou. Deixou de lado um pouco daquele super-herói de antes, para tornar-se o profissional.
Com o avanço da tecnologia, o jornalista teve a necessidade de buscar coisas que facilitassem o seu trabalho, com isso, muitos bloquinhos ficaram no fundo da gaveta. Hoje, o profissional jornalista é multimídia, isto é, deve ter a capacidade de atuar em todas as áreas possíveis, como imagem, som, edição e dominar todas as tecnologias possíveis que proporcionem mais qualidade ao trabalho, mais dinamismo, mais abrangência àquilo que se quer alcançar.
Além disso, hoje, o jornalista não tem mais a mesma liberdade que tinha nos tempos de super-herói. Essa visão revolucionária, construída em meados do século 18, ficou de lado, dando lugar a um profissional muito mais focado em seu trabalho, em transmitir informações, em desenvolver um papel de comunicador, distanciando-se de suas opiniões, mas sem deixar de ter um olhar crítico sobre todas as coisas que vê ao seu redor.
Em geral, não há mais espaço para a opinião jornalística, a não ser em especificidades como, por exemplo, uma coluna opinativa em uma revista, ou um comentário do apresentador no telejornal.
Agora o Jornalismo se transformou. São duas as opções: ou trabalhamos de acordo com a empresa, abrindo mão de alguma e qualquer perspectiva pessoal, ou trabalhamos de acordo com a nossa perspectiva pessoal, abrindo mão de alguma e qualquer empresa. Trocando em miúdos, é bem assim mesmo.
Jornalismo + Opinião = Rua!
Entrevista com Heródoto Barbeiro
Na íntegra
Cleinaldo Simões em : caça às "focas"!
Como todo começo de carreira é difícil, o nosso também foi. Nosso primeiro entrevistado, o assessor de imprensa Cleinaldo Simões, atendeu à nossas perguntas com certa "rispidez", fazendo com que muitas questões fossem levantadas a partir de sua polêmica entrevista, em que ele declara que o jornalismo não possui "rótulos", ou que o jornalismo não tem importância econômica e é igual aos outros, "esforçado".
A crítica ao projeto do blog, a perspectiva de que "Escola não forma, desforma", enfim, segue a vocês a entrevista, na íntegra.
Qual a sua opinião sobre as declarações de Cleinaldo? Concorda? Discorda? Por quê? Reflita, debata, comente, dê sugestões... Mas procure usar o bom senso. Nosso propósito não é sensacionalizar ou polemizar, mas ouvir a opinião do público internauta sobre a entrevista.
As "focas" de hoje poderão ser os grandes "leões-marinhos" de amanhã!
Jornalistas sim, mas, acima de tudo, pessoas!
Primazia: Olá. Nós somos alunos de jornalismo do primeiro ano da Universidade Metodista e estamos produzindo um blog. Gostaríamos de fazer essa pequena entrevista. Se possível contar um pouco da sua trajetória no ramo e o seu cotidiano. Pedimos também uma foto. Quando tudo estiver pronto mandamos o link. Nós do Primazia agradecemos desde já.
Perguntas
1- O jornalismo de serviços ainda hoje é visto por alguns como um produto descartável na imprensa. Na sua visão, esse ramo é menos conceituado?
2- A importância econômica do jornalismo interfere diretamente no que é ou não publicado? Como poderíamos resolver esse problema?
3- Qual é a sua visão sobre o futuro do jornalismo? Maior influência do capital? Menor liberdade?
4- A formação da opinião pública faz parte do cotidiano jornalístico. Quais os aspectos positivos e negativos disso? Na sua visão, como se comporta o jornalismo brasileiro nesse aspecto?
Retorno (Cleinaldo Simões)
Considerações iniciais:
1. Se vocês querem algum dia ser jornalistas façam sempre diferente. Blog todo mundo faz, especialmente os que não são jornalistas. E muito mal feito. Desenvolvam uma forma de comunicação que: Respeite os fundamentos da estruturação da notícia; permita ser convergida para a forma de consumo de informação de todos os públicos; não olhe para o umbigo.
2. O fato de vocês quererem fazer este trabalho a partir de um tipo de discussão das críticas dos meios e daqueles que neles trabalham demonstra que vocês começam errado. Na profissão o que importa não é o reconhecimento dos pares. Mas usar este possível posto privilegiado de observação para reportar o que acontece no mundo. As redações – qualquer uma – deveria apenas ser isso.
3. Quer aprender um pouco de jornalismo de verdade. Leia e peça para seus colegas lerem http://www.jornalja.com.br/2004/12/20/a-tragedia-de-felipe-klein/
4. E aprenda uma coisa – Escola desforma, não forma. Não existe querer ser. O repórter é. O jornalista inveja o repórter que não consegue ser. O resto é âncora, professor e fotógrafo.
Vamos às suas questões:
1. Não existe jornalismo de serviços. Jogue no lixo os rótulos. Existe reportagem. Boa ou Ruim. Bem ou mal apurada. No dia em que você ou seus colegas puderem pisar numa redação de verdade leiam todos os dias esta oração ecumênica e atéia:
“Senhor, dai-me humildade para receber a pauta pobre de cada dia, e preparai-me para aproveitar a grande matéria quando ela vier”.
Portanto, seja lá a quem for que você se refere, não entende de jornalismo e estou disposto a sentar com ele e vocês para debater a questão. Se eles quiserem, claro, pois rareia a disposição das pessoas em debater idéias. Há ainda a possibilidade de vocês não terem compreendido o que expuseram para vocês. Hipótese muito plausível. Neste caso, talvez, a referência correta seria: as reportagens que apresentam informações de serviços estariam perdendo o interesse do leitor e deixando de ser interessantes economicamente para a imprensa pela diminuição da capacidade de atração de leitores? A resposta é: não importa o nível de idiotização dos consumidores, a obrigação do meio de informação é entendê-lo e encontrar formas de chamar a sua atenção, levá-lo a reflexão e a formar uma opinião a partir da apresentação dos fatos.
2. O jornalismo não tem importância econômica. Os setores que a imprensa cobre é que têm importância econômica. Assim, a pergunta correta seria: Os grupos econômicos interferem nas linhas editoriais do que é publicado nos grandes meios de informação? A resposta é sim. De forma positiva e negativa. Positiva, porque obrigam ainda mais as boas redações a tratarem com zêlo o seu produto. Negativa, porque determinam um esforço de finalização de texto cuja informação entra num campo de processamento incapaz de ser feito pela maioria dos consumidores de informação.
3. Assista a toda a série "Resident Evil"(inclusive o desenho recém lançado) e você encontrará a resposta.
4. As matérias escritas a todo o momento em qualquer canto do planeta apenas informam as pessoas, que fazem juízo sobre o que lêem, e daí adquirem uma fração de dados que, juntamente com outra dezena de informações, lhe permitirão formar uma opinião. Assim, são as coisas, portanto, não tem nada de positivo e negativo. E o jornalismo brasileiro é igual aos outros: esforçado.
À disposição para esclarecer dúvidas,
Cleinaldo.
A necessidade de informação sempre foi de extrema importância para a sociedade. A curiosidade do ser humano, juntamente com as técnicas desenvolvidas ao longo da história, contribuiu para a evolução dos meios de divulgação, seja para a comunicação ou para a informação.
Desde seu início oral, quando os acontecimentos eram divulgados através de um “telefone sem fio” da população, até a criação do jornal impresso, devido a contextos históricos, como reformas e processos de trocas comerciais englobando fatores políticos e econômicos, a notícia sempre foi considerada uma mercadoria.
Um modo de divulgação que para nós, cidadãos, é muito importante é aquele que tem como objetivo prestar um serviço à população, ou seja, o jornalismo de serviço, ou ainda, jornalismo de utilidade pública, uma forma de informar prestando serviços que interessam ao leitor, ao internauta, ao ouvinte e ao telespectador.
Mas até que ponto essa informação dada, ou esse serviço prestado, é considerado jornalismo e até que ponto é considerado puro marketing e publicidade?
Na verdade, toda informação passada tem como objetivo, ou apenas como conseqüência, prestar, de alguma maneira, por menor que seja, um serviço. Qualquer informação será útil ao leitor, porém, considera-se a de serviço, aquela que tem como característica a praticidade e a instantaneidade.
Mas nos dias atuais, a palavra credibilidade, infelizmente, causa muita dor de cabeça. Profissionais, muitas vezes bem conceituados, caem na armadilha da manchete rápida a acabam fazendo com que toda a verdade da profissão se perca.
Será que as informações divulgadas hoje, na mídia, são verdadeiras ou há algo encoberto por trás das notícias do jornal, da TV, do rádio, da internet? Até que ponto somos vítimas da chamada manipulação da informação? A mídia tem o poder de nos influenciar diretamente?
Tudo começou com a necessidade de comunicação.. O ser humano buscava, de alguma forma, saber o que estava acontecendo ao seu redor. Com a transição da Idade Média para a Idade Moderna, essa necessidade aprimorou-se com o surgimento da imprensa, que já completa 200 anos, criada por Gutenberg.
Com ela, vieram os avanços nas técnicas de impressão, como a prensa, que permitia a impressão de um maior número de documentos, facilitando a disseminação mais rápida da informação. Surgiram então, os chamados periódicos, que informavam, divulgavam eventos, facilitavam as relações mercantilistas da época.
Com o passar do tempo, os periódicos aprimoraram-se e transformaram-se no nosso familiar jornal de hoje, que, aliás, passou por uma grande evolução, não?
Editor-chefe: Mariana de Lima Fonseca
Editor-adjunto: Camila Miranda Franciscon
Revisão: Camila Nardini Fogo
Entrevistas: Camila Miranda Franciscon
Camila Nardini Fogo
Mariana de Lima Fonseca
Produção de texto: Murilo Vicentini
Camila Miranda Franciscon
Fotografia: Larissa Yepez Soratto
Ilustração: Camila Miranda Franciscon
Vídeo: Mariana de Lima Fonseca
Áudio: Larissa Yepez Soratto
Nosso blog foi criado com o princípio de discutir idéias relacionadas ao Jornalismo, sua história, evolução, questões éticas da profissão...E sempre contextualizando com os dias atuais e colocando em pauta assuntos que repercutem na sociedade.
E por que a primazia é nossa? Porque criamos um espaço, uma canal aberto para você se expressar, publicar suas idéias, debater e ficar por dentro do mundo jornalístico.Então, seja bem-vindo ao nosso espaço!
Alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
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