Entrevista com Heródoto Barbeiro


Articulista em jornais, revistas e Internet, Heródoto é bacharel em Jornalismo e Direito e pós-graduado em História, já atuou como professor e hoje é gerente da Central Brasileira de Notícias (CBN), em São Paulo, onde comanda diariamente o Jornal da CBN e, na TV Cultura, também em São Paulo, apresenta os programas Roda Viva, Balanço Social e Mundo Corporativo. É co-autor do livro Ensaio Geral – Brasil 500 anos e escritor de outros livros na área de treinamento para empresas, jornalismo, história e religião. Já ganhou vários prêmios, inclusive como melhor âncora de televisão. Está há 12 anos no telejornalismo.



Em entrevista ao chat “Comunique-se”, você respondeu a várias perguntas dos internautas, e declarou: “Acho que as pessoas que me acompanham têm o direito de saber as minhas preferências para, assim, me fiscalizarem melhor”. Para você, o bom jornalista é aquele que, diante do fato, constrói sua visão crítica, sua perspectiva e, discretamente, demonstra sua opinião? Você acredita no jornalismo imparcial?

"Não acredito em jornalismo imparcial. O jornalista sofre influências do mundo em que vive e, por mais que queira ficar neutro, não consegue. Dentre as suas missões estão a busca constante da ética e da isenção. Ele tem as suas preferências, opiniões, escolhas que, de uma forma ou de outra, transparecem no seu trabalho, e nem poderia ser diferente. Se for um comentarista, tem opinião formada sobre alguns assuntos de sua especialidade e trabalha fundamentalmente com o opinativo. Creio que outra missão do jornalista é fazer trafegar na sociedade as diversas opiniões dos diversos segmentos sociais e contribuir para o debate público de idéias e para a formação de uma consciência cidadã. Ele, como cidadão, também tem o direito de opinar. Em todo o processo de construção da notícia há preferências, logo, há opinião. Vai do pauteiro ao editor, do repórter ao apurador, e o público precisa saber disso, assim como seria razoável que soubesse da linha editorial deste ou daquele veículo e pudesse também julgá-lo."



Você acredita que o jornalista perdeu o caráter idealista que tinha no século 18? Essa “essência” deveria ser recuperada?

"Não é possível fazer jornalismo sem um ideal. É da natureza da profissão. Seja qual for o tipo, ele está identificado com os direitos humanos, o aprimoramento do sistema democrático, a ajuda de montagem, de conservação do que resta do meio ambiente e por aí vai."



Nós, estudantes de Jornalismo, sabemos ou, ao menos, imaginamos, que teoria e prática são diferentes. Qual a sensação de estar no papel de comunicador, tanto no rádio, como na TV, diante de milhares de pessoas, tendo a responsabilidade de levar informação de qualidade ao público?

"A responsabilidade é grande e, por isso, é preciso ficar muito atento para não pisar nas regras do bom jornalismo. As pessoas acompanham, criticam, fiscalizam, enfim, contribuem para que se faça um jornalismo melhor."



Qual a maior diferença entre estar no rádio e estar na TV?

"As diferenças nos veículos eletrônicos é muito pequena. Imagine trabalhar em um estúdio de rádio com imagem da internet ou gravar o programa Mundo Corporativo com imagem e som. Que diferença tem de estúdio de tevê? A confluência de mídias a cada dia mais aproxima o auditivo do visual, do impresso em bits na tela, dos arquivos com a interatividade constante..."


Quais são os seus maiores ídolos na profissão, aqueles nos quais você se espelhava no começo de sua carreira, ou que servem de exemplo até hoje?

"Tenho grande respeito por uma quantidade grande de jornalistas, como Alberto Dines, Luis Nassif, Mino Carta, Paulo Henrique Amorim, Ricardo Noblat, Myriam Leitão, Clóvis Rossi, Ricardo Kotscho e muitos outros."


Quais as dicas que você daria a nós, humildes “focas” iniciantes, recém incluídas nesse universo da informação?

"Cuidado para não trocar o essencial pelo secundário. Jornalismo é o compromisso com o interesse público, a busca da verdade, a formação da convicção antes da divulgação de uma notícia. A tecnologia está a serviço do jornalismo, e não vice-versa."

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