Na íntegra

Cleinaldo Simões em : caça às "focas"!


Como todo começo de carreira é difícil, o nosso também foi. Nosso primeiro entrevistado, o assessor de imprensa Cleinaldo Simões, atendeu à nossas perguntas com certa "rispidez", fazendo com que muitas questões fossem levantadas a partir de sua polêmica entrevista, em que ele declara que o jornalismo não possui "rótulos", ou que o jornalismo não tem importância econômica e é igual aos outros, "esforçado".

A crítica ao projeto do blog, a perspectiva de que "Escola não forma, desforma", enfim, segue a vocês a entrevista, na íntegra.

Qual a sua opinião sobre as declarações de Cleinaldo? Concorda? Discorda? Por quê? Reflita, debata, comente, dê sugestões... Mas procure usar o bom senso. Nosso propósito não é sensacionalizar ou polemizar, mas ouvir a opinião do público internauta sobre a entrevista.

As "focas" de hoje poderão ser os grandes "leões-marinhos" de amanhã!
Jornalistas sim, mas, acima de tudo, pessoas!


Primazia: Olá. Nós somos alunos de jornalismo do primeiro ano da Universidade Metodista e estamos produzindo um blog. Gostaríamos de fazer essa pequena entrevista. Se possível contar um pouco da sua trajetória no ramo e o seu cotidiano. Pedimos também uma foto. Quando tudo estiver pronto mandamos o link. Nós do Primazia agradecemos desde já.


Perguntas

1- O jornalismo de serviços ainda hoje é visto por alguns como um produto descartável na imprensa. Na sua visão, esse ramo é menos conceituado?


2- A importância econômica do jornalismo interfere diretamente no que é ou não publicado? Como poderíamos resolver esse problema?


3- Qual é a sua visão sobre o futuro do jornalismo? Maior influência do capital? Menor liberdade?


4- A formação da opinião pública faz parte do cotidiano jornalístico. Quais os aspectos positivos e negativos disso? Na sua visão, como se comporta o jornalismo brasileiro nesse aspecto?


Retorno (Cleinaldo Simões)

Considerações iniciais:

1. Se vocês querem algum dia ser jornalistas façam sempre diferente. Blog todo mundo faz, especialmente os que não são jornalistas. E muito mal feito. Desenvolvam uma forma de comunicação que: Respeite os fundamentos da estruturação da notícia; permita ser convergida para a forma de consumo de informação de todos os públicos; não olhe para o umbigo.

2. O fato de vocês quererem fazer este trabalho a partir de um tipo de discussão das críticas dos meios e daqueles que neles trabalham demonstra que vocês começam errado. Na profissão o que importa não é o reconhecimento dos pares. Mas usar este possível posto privilegiado de observação para reportar o que acontece no mundo. As redações – qualquer uma – deveria apenas ser isso.

3. Quer aprender um pouco de jornalismo de verdade. Leia e peça para seus colegas lerem
http://www.jornalja.com.br/2004/12/20/a-tragedia-de-felipe-klein/

4. E aprenda uma coisa – Escola desforma, não forma. Não existe querer ser. O repórter é. O jornalista inveja o repórter que não consegue ser. O resto é âncora, professor e fotógrafo.


Vamos às suas questões:

1. Não existe jornalismo de serviços. Jogue no lixo os rótulos. Existe reportagem. Boa ou Ruim. Bem ou mal apurada. No dia em que você ou seus colegas puderem pisar numa redação de verdade leiam todos os dias esta oração ecumênica e atéia:

“Senhor, dai-me humildade para receber a pauta pobre de cada dia, e preparai-me para aproveitar a grande matéria quando ela vier”.

Portanto, seja lá a quem for que você se refere, não entende de jornalismo e estou disposto a sentar com ele e vocês para debater a questão. Se eles quiserem, claro, pois rareia a disposição das pessoas em debater idéias. Há ainda a possibilidade de vocês não terem compreendido o que expuseram para vocês. Hipótese muito plausível. Neste caso, talvez, a referência correta seria: as reportagens que apresentam informações de serviços estariam perdendo o interesse do leitor e deixando de ser interessantes economicamente para a imprensa pela diminuição da capacidade de atração de leitores? A resposta é: não importa o nível de idiotização dos consumidores, a obrigação do meio de informação é entendê-lo e encontrar formas de chamar a sua atenção, levá-lo a reflexão e a formar uma opinião a partir da apresentação dos fatos.

2. O jornalismo não tem importância econômica. Os setores que a imprensa cobre é que têm importância econômica. Assim, a pergunta correta seria: Os grupos econômicos interferem nas linhas editoriais do que é publicado nos grandes meios de informação? A resposta é sim. De forma positiva e negativa. Positiva, porque obrigam ainda mais as boas redações a tratarem com zêlo o seu produto. Negativa, porque determinam um esforço de finalização de texto cuja informação entra num campo de processamento incapaz de ser feito pela maioria dos consumidores de informação.

3. Assista a toda a série "Resident Evil"(inclusive o desenho recém lançado) e você encontrará a resposta.

4. As matérias escritas a todo o momento em qualquer canto do planeta apenas informam as pessoas, que fazem juízo sobre o que lêem, e daí adquirem uma fração de dados que, juntamente com outra dezena de informações, lhe permitirão formar uma opinião. Assim, são as coisas, portanto, não tem nada de positivo e negativo. E o jornalismo brasileiro é igual aos outros: esforçado.

À disposição para esclarecer dúvidas,
Cleinaldo.

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