“A tirania da comunicação”. É com um entusiasmo apático que digo a vocês: é apenas mais um livro. Cento e trinta e oito páginas de letrinhas miúdas agrupadas em palavras, frases, parágrafos, capítulos – ufa! Mas espere, somos jornalistas, ou melhor, seremos jornalistas! Sendo assim, todas essas palavrinhas agrupadas devem despertar em cada um de nós a ânsia jornalística pelo conhecimento. E essa ânsia pelo conhecimento deve estar também presente em cada indivíduo, sendo ele jornalista, médico, operário, enfim, afinal, quanto mais informação, melhor.
Este é o propósito do livro “A Tirania da Comunicação”, de Ignácio Ramonet, que nos impulsiona a um pensamento crítico em relação à mídia atual. O livro desvenda o universo atual da comunicação, sintetizando a relação mídia e sociedade, abordando assuntos desconhecidos acerca dos meios de comunicação modernos.
Engana-se quem pensa que comunicação compreende apenas o “Bom dia!”, a conversa no telefone ou na sala de bate-papo da internet. Comunicação vai muito além das fronteiras imagináveis. Abrange, hoje, o mundo inteiro e está em todos os lugares. Comunicação vai desde meio de sobrevivência do ser humano, até império social, sinônimo de poder.
Atualmente, podemos dizer que a mídia é o grande alicerce social. Sem ela, as informações não seriam disseminadas pelo mundo e não chegariam ao nosso conhecimento. Por outro lado, essas informações não chegam “puras” a nós. Quem aqui nunca ouviu falar na brincadeira do telefone sem fio? Pois bem, é assim mesmo que funciona. A informação chega aos nossos olhos e ouvidos completamente transformada. Portanto, antes de ser divulgada, ela é “trabalhada”, “destrinchada”, “escolhida”, e só depois, passada adiante.
Uma avalanche de imagens preenche o conteúdo das notícias do telejornal muitas vezes desnecessariamente, levando-nos pela lógica do “só acredito vendo” e da estética, do belo. Quanto mais imagens, melhor. E o que dizer do apresentador do jornal, o tal do “fulano”? Ah, amigo íntimo! Sempre preocupado com o telespectador, com a naturalidade daquela cena televisiva de todos os dias que mais parece uma conversa no sofá da sala de casa.
Mas, afinal, para quê tanta imagem, tanta interpretação, tanto cinismo diante de uma notícia que poderia ser transmitida apenas com a finalidade de informar? A razão está no fato de a televisão, com o propósito de “conquistar” o telespectador, usa as artimanhas mais inimagináveis para atrair o público. Um exemplo disso é o sensacionalismo diário, a violência, a pornografia e uma série de notícias irrelevantes transmitidas todos os dias a fim de aumentar a audiência televisiva.
O livro fala ainda sobre o jornal impresso, que cada vez mais busca se enquadrar nos padrões da TV para aumentar sua “audiência” nas bancas com fotos, imagens, charges, atrativos, e tudo isso com muita cor. Além disso, muitos jornais estão trocando as páginas impressas pelas páginas da internet. Onde foi parar a personalidade do jornal?
Hoje, a informação é marcada pelo imediatismo da transmissão, pelo “ao vivo”, pelo ”direto”, e tudo isso virou sinônimo de credibilidade, de confiança. O fato de um repórter transmitir informação ao vivo do local do acontecimento é super valorizado, mas quem garante que a informação é confiável? A notícia é mesmo impactante? A informação transmitida é essencial ou representa apenas mais uma demonstração espetacular da mídia onipresente? Quem e o quê garantem que a informação é real?
Mesmo hoje a censura está presente. Sim, acredite se quiser, censura em pleno século XXI! A diferença é que a censura atual é mais sutil, aparece mais transparente do que a censura da década de 1960 e baseia-se no princípio da democracia, onde os indivíduos são livres para fazer suas escolhas e dar opinião. A mídia, através da manipulação das informações, nos faz acreditar nessa “democracia” e, segundo Ramonet, existe, por trás desse império midiático, “uma audição de informações: a informação é dissimulada ou truncada porque há informação em abundância para consumir. E sequer se chega a perceber aquela que falta”. Sendo assim, a censura não desapareceu, ela apenas transformou-se, aperfeiçoou-se, disfarçou-se em meio à sociedade.
Segundo o dicionário, tirania quer dizer opressão, violência. É exatamente essa a prática invisível e sutil da mídia perante a sociedade. “A tirania da comunicação” não é apenas um livro, mas uma grande crítica que renova todos os nossos pensamentos sobre esse universo de aparente normalidade e nos faz enxergar o lado obscuro da comunicação. Fica a dica: leiam!


A história daquele que seria o maior jornal regional do país começa com um rabisco em um guardanapo num baile matinê, em 1953. O autor era Edson Danilo Dotto, que foi desde o princípio diretor-presidente e sócio majoritário do jornal. No início eram 12 amigos que colaboravam com o sonho de Dotto, um jornal denominado News Seller, com publicação quinzenal que circularia na Vila Zelina,Vila Prudente e Vila Alpina. Eles acreditavam que se o nome fosse em português não atrairia muito a atenção da população, ficaria igual aos demais, por isso deram o nome em inglês e, inspirados no Shopping News, um jornal da capital na época, passaram a distribuir-lo gratuitamente. Após 8 meses, o projeto teve que ser interrompido, já que não havia lucro com a produção. Porém esse momento durou pouco tempo. No ano seguinte, os quatro que persistiram, Dotto, seu irmão Maury de Campos Dotto, e seus dois amigos e sócios Fausto Polesi e Angelo Puga, ressuscitaram o projeto, fazendo com que o jornal passasse a ser semanalmente. Eles foram atrás de cidades que estavam em crescimento, e Miguel Romera, na época locutor de uma agência de rádio em Santo André, deu a ideia dos rapazes virem para a cidade. Ele afirmava que Santo André estava num momento promissor, e tinha razão, assim como São Caetano e São Bernardo também estavam. As três cidades formavam na época o chamado Triângulo da Indústrias. Assim foi escolhida a cidade, que juntamente com Santos, Sorocaba, Campinas se tornaria o novo foco dos rapazes. Eles não tinham dinheiro, apenas a vontade e a garra para trabalhar e procurar anunciantes, como lembra Ângelo Puga, “Dependia de apostar, investir e agir corretamente”. Mais tarde se juntaria aos quatro amigos, Octavio de Oliveira, que era escrevente no cartório de registros de Santo André e locutor e apresentador na Rádio Esporte Clube. Ele chegou a participar da parte de esporte do jornal, porém optou mais tarde por continuar no cartório. Em 11 de maio de 1958 era distribuído o primeiro exemplar do semanário News Seller, em formato standard e com tiragem de 15 mil exemplares.
Exatamente dez anos após o primeiro News Seller ir para as ruas, circulava, no dia 11 de maio de 1968, o Diário do Grande ABC. O nome foi uma criação da diretoria, baseada na expressão Grande São Paulo, as Região Metropolitana. A nova nomenclatura incluía as sete cidades nas páginas do jornal.


Luciana Lima da Silva, responsável pelo marketing do jornal, nos levou para conhecer a redação e contou um pouco mais sobre o Diário.





A máquina do Diário que imprime 60 mil exemplares por hora.





Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial